sábado, 12 de dezembro de 2009

CRÍTICA DO FILME ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS



ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS, O. Direção: Cao Hamburger. Roteiro: Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger, baseado em história original de Cláudio Galperin e Cao Hamburger. Brasil: Buena Vista International, 2006.


O ano em que meus pais saíram de férias é uma história muito interessante, apresenta uma série de acontecimentos envolvendo uma criança de doze anos. Os primeiros momentos do filme apresentam os pais de Mauro o levando para ficar com o seu avô, seus pais alegam que estão de férias e não poderiam levar o filho na viagem.

O protagonista é o garoto Mauro (Michel Joelsas), apaixonado por futebol, que é levado às pressas de Belo Horizonte para São Paulo. Seus pais, fugindo dos militares, o deixam na porta do prédio onde mora seu avô. O inusitado é que seu avô morre instantes antes da sua chegada. Sozinho, Mauro acaba ficando sob os cuidados do velho judeu Shlomo (Germano Haiut), vizinho de seu avô.

O menino então se vê obrigado a ficar com um vizinho judeu, que tem todo um sistema de vida diferente do seu. Com isso, precisa lidar com um desconhecido e conviver com vários conflitos.

O filme: “O ano em que meus pais saíram de férias”, procura apresentar um momento histórico do nosso país, a ditadura militar, período bastante revistado e mostrado pelo cinema nacional. Uma época de repressão e censura, no qual muitas famílias ficaram marcadas para o resto de suas vidas.

Apesar desse tema, ditadura militar, ser mostrado em outros filmes, há aqui um diferencial, isto porque, apresenta um olhar infantil sobre os acontecimentos. Esse olho do protagonista, ao mesmo tempo inocente e ávido por compreender a confusão a sua volta, consegue criar momentos líricos em meio a um cenário sombrio e também potencializa esse cenário, já que suas conseqüências sobre uma criança soam sempre mais terríveis.

O filme se passa, mais precisamente, no ano de 1970, lembrado como o ano em que a seleção brasileira de futebol conseguiu o tricampeonato, mas que foi também um dos períodos mais repressivos da ditadura, sob o comando, naquele momento, do General Emílio Garrastazu Médici.

Apesar de todos os acontecimentos vividos pelo nosso país em uma época de repressão e censura, a população consegue se alegrar com as conquista da seleção, Há um paralelo entre a ditadura e o futebol. Mauro é um menino apaixonado por futebol, e apesar de está distante de seus pais, vive como um adolescente normal, no auge de sua puberdade, envolto em mundo de fantasias, alheio aos problemas e atrocidades que estava acontecendo naquele período.

Algo que também podemos destacar como interessante no filme é justamente o fato de mostrar o orgulho de ser brasileiro, um povo que não se entrega com facilidade, mas consegue superar as adversidades e mazelas do seu cotidiano. Além disso, o filme não procura dramatizar a vida do garoto Mauro, apelando para o lado emocional da trama.

O filme pode ser indicado para professores de história e Geografia, para que possam refletir com seus alunos sobre uma época de cerca de duas décadas de Regime Militar em nosso país. Além disso, pode ser visto e analisado por professores do Ensino fundamental, e juntamente com seus alunos analisarem as brincadeiras desenvolvidas por Mauro e seus amigos naquela época, fazendo-se um paralelo com as brincadeiras atuais, época do mundo digital na qual as crianças estão inseridas.

O filme: “O ano em que meus pais saíram de férias”, enfim, deve ser assistido pelas famílias, visto que pode ser refletida as relações entre pais e filhos, as quais precisam ser melhoradas na sociedade em que vivemos.

Esse filme me trouxe lembranças significativas da minha infância, pois nasci em meados da década de 1970, e assim como Mauro o protagonista do filme, fui morar também em São Paulo com minha família fugindo da seca que assolava a região de Irecê. Só pude conhecer o meu pai quando já tinha um ano e meio, pois ele havia viajado quando minha mãe ainda estava grávida de mim.

Assim como Mauro, apesar de viver a minha infância no período da Ditadura Militar, de certa forma estive alheia a tais acontecimentos, não deixei de viver no meu mundo de criança, repleto de fantasias.









Um comentário:

Anônimo disse...

Mais um filmeco sobre a malvada "Ditadura Militar", tema já mais do que surrado no cinema brasileiro. Só foi selecionado pela Ancine para concorrer ao Oscar, no lugar de "Tropa de Elite" pela conotação político-ideológica e por seus produtores fazerem parte da panelinha da ANCINE.