quarta-feira, 30 de setembro de 2009

COMENTÁRIO DO FILME: CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS


CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

O filme traz uma mensagem interessante, relacionando o local com o global, buscando mostrar uma realidade de meados do século 20, que pode perfeitamente aplicar-se aos nossos dias.


CRÍTICA: CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS - “A história se passa em 1942, mas nos traz mensagens que caberiam perfeitamente nos dias atuais, talvez tenha sido exatamente essa idéia, tratar de temas atuais que já existiam nos anos 40 do século 20, nessa perspectiva a de se pensar: temas como a imigração, máquina, desgosto com a sua nação, ausência de renda e trabalho, e o capitalismo como conhecemos, sem fronteiras, apenas a sanha de deixar a sua marca no maior numero possível de territórios.

Mas, vamos ao filme.

Johan(Peter Kenath) é um alemão radicado no Brasil por conta da iminente guerra, atravessa o território brasileiro dentro de um caminhão vendendo e divulgando o remédio para dor de cabeça “Aspirina”, sim, a mesma que convive conosco atualmente. Nos confins de Pernambuco, em estradas irregulares e sem placas, dá uma carona a Ranupho(João Miguel), pernambucano de humor ácido, que ao saber da missão do ‘gringo’, o indaga de que maneira ia vender tal produto aos miseráveis do nordeste, eis que o capitalismo/publicidade surge, dentro de seu caminhão, Johan carrega um cinema móvel, com isso, ele em se não atua como vendedor, apenas apresenta com o seu cinema “a cura para todos os males”, as pessoas da cidade longínqua assistem ao rápido cinema, na tela uma linda propaganda, cenas do Rio de Janeiro e São Paulo, o povoado se encanta, nasce à necessidade, a sedução perante o produto, suas vidas nunca mais serão as mesmas, nem as nossas.

Já estamos completamente capitalizados, fragmentados por este mercado, o roteiro é impressionante e não para por aí, pelo contrário, a sua estrada é longa, em uma das cenas, os já amigos, enquanto Johan se recupera de um acidente, pede ao amigo que lhe conte a história de sua vida, este lhe relata a forma como os nordestinos são tratados no território sudeste, ao imigrante sobra o deboche, o preconceito, o trabalho braçal e mal remunerado, repare, outra problemática lá nos anos 40, mas que convive até hoje e diariamente com os habitantes das cidades do eixo econômico brasileiro.

“Cinema, aspirinas e urubus” trata disso e de outros temas, mas sempre de forma sutil e irônica, há ainda no longa a questão da sedução da máquina perante ao homem, a questão territorial, durante o trajeto rumo a cidade Triunfo, Ranupho vai debochando de sua terra, que é um buraco, aqui não chega nada, enquanto Johan lha diz estar equivocado, ‘no seu país não cai bomba do céu’, mais uma, ‘aqui pode ser difícil, mas é tão exótico e tranqüilo’, tal mensagem não poderia vir em momento melhor, quantas pessoas sonham em largar o Brasil e “ganhar a vida”? Aqui, pode ser difícil, mas lá fora pode ser ainda pior!

A direção desta obra brasileira fica por conta de Marcelo Gomes, Karim Ainouz, o diretor de “Madame Satã” – outra obra brasileira imperdível – assina a produção e também o excelente roteiro, além de Karim, o roteiro contou também com Marcelo Gomes e Paulo Caldas. Imagino que neste momento, toda a produção do filme “Cinema, aspirinas e urubus” esteja ansiosa pelo resultado, se irão ou não representar o Brasil no Oscar - este filme concorre a uma vaga – mas, sinceramente, não vejo os empresários de tal premiação digerirem este filme, pois se trata exatamente do que é Hollywood hoje, pura publicidade e lucro.



Título Original: Cinema, Aspirinas e Urubus

Gênero: Drama

Duração: 90 min.

Ano: Brasil - 2005

Distribuidora: Imovision

Direção: Marcelo Gomes

Roteiro: Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Karim Aïnouz

Fonte: http://www.cranik.com/cinemaaspirinaseurubus.html

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